Morremos um pouco mais, nosso museu em chamas...
Um incêndio de grandes proporções conseguiu deferir um golpe na memória de minha cidade e na memória de meu país...Afinal de contas o que está acontecendo? Ultimamente sinto uma frieza pela história que nem o fogo que consumiu todo o Museu Nacional consegue acalentar,
e de alguma forma, fatídica, talvez dê uma pausa na divisão do espírito que divide o país para poder agora,
talvez, com muito desejo, possa por os ânimos nos lugares certos.
A começar em mim
A politica cultural, não começa nos palácios nem mesmo com os eleitos do Legislativo e do Executivos, começa em nós!
É difícil para todos aqueles que
tiveram o privilégio como eu de poder entrar dentro do Museu Nacional,
seja em
nossa infância ou seja em nossa adolescência, história de turma de escola, ou
um passeio...
agora fica em nossa memória, em nossas poucas fotos o que
restou... a política começa em nós!
Cada vez que me interesso mais pelo que acontece com minha
sociedade, mais incomodo, e cada vez que incomodo, entendo que alguma coisa
começa a funcionar e dá certo...
não podemos perder mais terreno, museus,
espaços culturais pelo simples fato de que o dinheiro vale mais do que aquilo
que constitui nossa identidade.
E de quem é a culpa?
Foi-se um piso, paredes, e um casarão de 200 anos, porém não
são 200 anos de histórias que continha ali dentro, muita história foi perdida,
e o fogo tratou de consumir tudo,
é complicado o misto de sentimentos pra quem
ama sua historia, e ama aquilo que te faz pertencer... é um luto!
E de quem é a culpa... acho que sempre ouço isto, agora
poderíamos por a mão em nossa consciência e talvez fazer uma pequena reflexão,
ainda que pequenina quantas vezes ouvi o clamor de quem estava ali todos os
dias pedindo para que pudessem olhar por eles?
Ou fiscalizasse os que entraram
através dos votos o que aconteceu?
Não tenho coragem de apontar o erro para um
ou alguns, mas começo a refletir onde foi que fui omisso, quanto deixei de
participar da vida cultural de minha cidade,
quando deixei que o desespero da
vida fria e louca me roubasse meu sentido patriótico...
A ultima vez que o vi...
Se volto neste exato momento para pensar quando foi a ultima
vez que estive no museu,
foi no ano de 2009, num dia cinzento em boa companhia,
depois de alguns longos anos fui visitar,
relembrar, ver um pouco daquilo que
me fazia ser eu... dia marcante, e hoje fica na memória...
e agora, o que será
dos filhos, e dos netos, dos que virão...
é trágico, mas toda a dor, toda perda
pode trazer alguns direcionamentos.
É o momento de repensar o aprendizado...
Será que precisarei perder outro museu para me interessar
ainda mais pela história de meu país?
Será que apenas se pode aprender sobre a
história de meu país através de salas frias, ou cursos ead também frios?
Gostaria de ser um
sonhador neste momento em que não há muito o que sonhar,
e pensar que
poderíamos ter aulas de história em tantos museus que temos aqui,
e pudéssemos
olhar com maior profundidade a história desta nação que sofre com uma perda
irreparável.
A semente não morre apenas recomeça...
Os estudos de anos perdidos em minutos, o trabalho
científico produzido por grandes mentes que foram levados pelas chamas...
é
muita coisa pra cabeça pensar, mas espero que diante desta calamidade, ao invés
de morte a cultura e a pesquisa científica,
germine novos museólogos, antropólogos
e outros cientistas....
Para que uma planta nasça é necessário a semente se morrer...
ou apenas recomeçar...
Sim a cultura, sim a história, sim a arte!
Inté
Inté
Leonardo Vieira Lima
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