Entrevista com Sergio Alves, ator, escritor, compositor


Sergio Aves a identidade cultural da poesia de raiz



Jornalista, ator, escritor, animador cultural, compositor, educador social, Sergio Alves, nasceu no Rio de Janeiro em 01/04/1960. 

Aos 15 anos já participava de grupos de teatro na escola e já era diretor cultural do grêmio estudantil. Nesse tempo, começou a escrever seus primeiros poemas,

 influenciado por poetas como Bertolt Brecht, Maiakovski, Ferreira Gullar, Oswald de Andrade, Drummond, entre outros.



Em 1984, participou da fundação do Projeto Cultural PASSA NA PRAÇA QUE A POESIA TE ABRAÇA e do Grupo Poça D'água, juntamente com Zé Cordeiro, João Batista Alves, Douglas Carrara, Jorge Mizael e Rosa Maria. Um movimento que levou poesia e teatro popular para vários municípios do Rio de Janeiro, se apresentando em praças, teatros, escolas de samba, entre outros espaços não convencionais.

Em 1991, participou da fundação do MACACO - Movimento de Arte e Cultura Alternativa, Comunitária e Organizada. Sendo escolhido como presidente. Com atuação na Zona Oeste, o MACACO foi o grupo responsável pela conquista da Lona Cultural usada na ECO-92 para o bairro de Bangu. Em 1992, teve seu poema Cidade Dormitório, utilizado na prova de Geografia do Vestibular da Cesgranrio.

Atualmente é presidente do CEDICUN - Centro de Estudos e Divulgação das Culturas Negras. Movimento que atua na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Publicou os seguintes livros: Paz em 1984, Pessoa em 1986, Criança em 2006, Antologia poética Passa na Praça que a poesia te abraça, em 1991 e Canto Mestiço em 2004.
Em teatro, atuou como diretor no monólogo "A conta e o tempo" estrelado pela atriz Regina Pierini, entre 2002 e 2003.  Atuou também como diretor da peça "Espíritos-Amor de outras vidas" de Vagner Castelhanos, em 2003.
Como compositor, teve sua música "Candelária-Vigário Geral" gravada nos CDs "Amanhã seguinte" de Marcus Garcia, e "Fruto Maduro" de Rogério Du Maranhão. em 2003. Trabalha como animador cultural na Secretaria de Estado de Educação e como educador social na SMAS, no Rio de Janeiro.


DE SERGIO POR SERGIO ALVES?
Sérgio Alves, jornalista, poeta, animador cultural, educador social. 6 livros de poesia publicados, um a sair em 2018: "Poesia de Raiz"


O QUE VOCÊ JULGA SER MAIS IMPORTANTE NA SUA ARTE? QUE SONHOS SUA ARTE PODE REALIZAR NA SUA VIDA?
Amigo, acredito que onde existem atividades culturais, a violência não não cresce. Por isso faço questão de participar de todas as atividades culturais na nossa comunidade. No Rio da Prata, e no Lameirão, tive o privilégio de participar da fundação do Movimento que hoje chamamos de Coletivo Cultural Rio da Prata, do qual você foi um dos fundadores, juntamente com a Rita.

Atuo também no CEDICUN, que comemorou 30 anos de luta em maio contra o racismo e a discriminação. Ser Educador Social e professor, me dá os instrumentos pra ajudar os nossos jovens a buscar um caminho, através da consciência, da reflexão, do saber.
Com relação a sonhos, acho que conquistei algumas vitórias. Ter o trabalho reconhecido, como aconteceu em julho, quando recebi o Diploma Heloneida Stuart, da Comissão de Cultura da ALERJ, não tem preço.
Mas acho que meu maior prêmio, é conseguir atuar sempre em equipe, em parceria com outros companheiros que pensam parecido comigo. Nunca trabalho sozinho. Gosto de ter parceiros pra dividir as tarefas e as alegrias.

COMO UM ARTISTA, QUAL SUA MAIOR DIFICULDADE NA SUA TRAJETÓRIA CULTURAL?
A maior dificuldade é a falta de recursos. O abandono da cultura. O artista, principalmente os da periferia, como nós, tem que gastar do próprio bolso pra produzir o seu trabalho. Isso não muda.
Pelo contrário, tem piorado. Lembro que na década de 80, o município tinha projetos de incentivo à cultura nas comunidades.o grupo que eu participei na época, tinha patrocínio da prefeitura. Isso acabou.

 


COMO VOCÊ ENXERGA SUA CARREIRA NO FUTURO?
Comecei fazendo Teatro em 1975, com 15 anos de idade. Nunca parei. Viajei pelo Brasil e alguns países como Argentina, Paraguai, Cuba, etc.
Este ano meu grupo de Poesia na Praça, que atuou de 1984 a 1988, virou tema mestrado na UERJ e de uma biografia. Isso é a maior alegria de um artista, saber que sua obra não vai morrer.

QUAL A ARTE QUE POSSA SER SUCESSO NUM FUTURO PRÓXIMO?
Parceiro, acho que se não mudar a política pra Educação e a cultura, se não houver investimento, nada vai mudar. Por isso temos que eleger candidatos comprometidos com a cultura.as a cultura da periferia, da Baixada, da Zona Oeste. Das favelas. Ao invés de caveirao, nas favelas tinha que entrar projetos culturais e sociais.

QUAL A IMPORTÂNCIA DE UM EMPRESÁRIO E ESCRITÓRIO NA CARREIRA DE UM ARTISTA?
Acho importante ter produtoras cuidando da carreira do artista. 
Assim o artista pode de preocupar só com a sua obra. Quem sabe pra futuro isso não ocorra aqui pela Zona Oeste?


QUAL O FATO OU PESSOA QUE TEVE MAIS INFLUÊNCIA NA SUA ATIVIDADE?
Quando eu tinha 10 anos, uma prima me deu um livro de presente."Os Lusíadas" de Luiz de Camões. Foi o mais importante presente da minha vida. Sempre me lembro.
Aos 12 anos, um professor declamou "Versos íntimos" de Augusto dos Anjos em sala. Fiquei tão impressionado" que decidi que iria fazer Teatro.
Sua tarde, estudante da UERJ, fui aluno doe Abdias do Nascimento , Lélia Gonzalez e outros ícones do movimento Negro da época. Não parei mais. Quem tem grandes mestres se torna grande mestre também.

É DIFÍCIL SER ARTISTA NESTE PAÍS?
Muito. Não tem valor. E não é só por falta de grana. Conheço gente que gosta 200 reais tomando um shop no bar, mas não quer comprar um livro por 30 Reais. Não quer prestigiar um músico de Campo Grande que se apresenta na Lona Cultural Elza Osborne.
Tem gente que paga um ingresso de cem reais na Zona Sul mas que não paga 20 no Arthur Azevedo. É dose.

QUAL É A PRINCIPAL 'MANCADA' NO BRASIL, EM SE TRATANDO DE INCENTIVO AO ARTISTA?
A principal mancada é permitir que existam TVs como a Globo, SBT e BAND. Com alcance nacional. Nos Estados Unidos as TVs são regionais, com programação regional, assim diminui o monopólio. No Brasil é um absurdo.
Outra coisa, as Secretarias de Cultura e Educação tinham que ter projetos de incentivo à cultura, nas comunidades e nas escolas.



CONTE UM POUCO SOBRE CARREIRA E ONDE DESEJA CHEGAR?
Gostaria de ter uma editora de verdade que publicasse meus livros. As editoras que existem são só intermediárias com a gráfica. São só empresas que cobram do escritor. Fora isso, queria conseguir recursos para que o Coletivo, o CEDICUN, e outros grupos pudessem atuar melhor na nossa área.
Particularmente, já consegui muitas vitórias:
- Em 1992, tive um pena meu usado no Vestibular. Já ganhei um concurso internacional e dois nacionais de poesia. Publiquei seis livros. Acho que falta pouco.

QUAL A IMPORTÂNCIA DE FAZER PARTE DESSE PORTAL TRAJETÓRIA CULTURAL?
Total. Um maravilhoso espaço pra divulgar nossos talentos. Parabéns.


https://www.youtube.com/watch?v=tL-iWu9vCsE



Por Graciano Caseiro

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