Street art, arte das ruas, formação de platéia...

Diálogo de artista para artista, vamos conversar?


Sempre que penso em conversa me faz lembrar dia de domingo, quando ia para casa da minha falecida tia Lucia, era um momento único,

ver toda a família quase se reunindo, e não era filme, tempos bons que parece que não querem repetir.

Dialogar é preciso, mas somente quem entende a importância do diálogo sobreviverá a uma catástrofe que está anunciada, 

o mundo se tornará mais robotizado, sim agora a onda é do robô, os atendimentos são feitos por aplicativos, 

são práticos modernos, são rápidos e no fim são frios. Não significa que isto é ruim... mas pintemos o quadro.

O futuro da arte!

Imagine que daqui num futuro distante o artista de teatro apenas terá um celular em sua frente fará toda sua obra ali no palco, sem o calor, sem o riso, sem o improviso, 

e alguém em uma tela em alguma parte do mundo pagará por isto, e talvez este ator e atriz ou a trupe inteira estará ali apenas porque precisa pagar a conta do dia a dia...

Que quadro vazio esquisito, cinzento, mas precisamos conversar precisamos nos reinventar com tanto robôs, 

como pode tornar a arte acessivel no mundo fragilizado, modernizado mas fragilizado, a tecnologia é bem-vinda mas até qual ponto isto dará condições da pessoa ser tocada... de se emocionar.

Arte nas ruas gratís?


Precisamos contribuir e ao mesmo tempo reinventar como isto pode ser pago, afinal o pão gratis de cada dia é uma utopia! 

É preciso ver além  do dinheiro, é preciso ver a humanidade, é preciso se adaptar, mas é preciso adaptar o ser humano a sua humanidade, 

se não daqui a pouco seremos apenas, números, valeremos alguns centavos...

Dialogar significa falar muito, ouvir mais ainda, discutir, sorrir, chorar, ficar embravecido, ou ter nojo do que se constata, mas é um amplo diálogo, 

é uma forma de poder se achar como humano, a arte é uma linguagem que nos possibilita tocar o coração de outra pessoa, falar com sua emoção, fazer se sentir vivo, fazer parte da história de alguém.

Quando não dialogamos nos sentimos bem, e ao mesmo tempo triste, falamos tudo, mas não ouvimos o que os outros falam e se descordam ou concordam, 

bem, o efeito é sentido com o tempo, cada vez mais o interesse real por você é perdido e a nova onda do momento é avassalador!

Mais música nas ruas, mais artistas na praça, mais poesias no ônibus, mais samba no trem, utópico... talvez, mas e se... 

Levar arte as ruas, as casas, aos coretos e as praças puder fazer, alguém tirar o cinzento da sua vida estacionada entre trabalhar pra pagar conta, ganhar dinheiro, pagar e ganhar, pagar e ganhar... 

ok não existe almoço grátis, mas se as pessoas pudessem entender de forma prática que a arte é vital para saúde emocional dele, de forma simples... é uma doação que fazemos? 

Ou um investimento a médio longo prazo? Ahhh ok... não existe almoço grátis... quem pagará?



Seja no Rio de Janeiro ou num banco em uma cidade de Portugal


Lembro de ir a Portugal e em todas as vezes que me lembro eu tinha que está acompanhado do meu violão, ou um caderno, 

as vezes saia uma música nova, em outras vezes uma poesia, mas lembro-me que sentado na praça, 

ou em um banco da cidade de Tavira vendo o rio correr e as pessoas passearem, foi bom ter 

momentos de reflexão tocando como se não houvesse amanhã...ou em um banco em frente a Ria na 

cidade de Olhão...as gaivotas vão e o entardecer ao lado do mercado a música se fez ouvida.

Ok, quando chego a minha casa, olho o tempo aberto, sento-me na frente de casa no Rio de Janeiro, 
onde não é comum tocar música na rua, saio com o velho violão debaixo do braço 

e em um bate papo com o amigo conversando e entre uma prosa e outra, ele toca sua flauta e eu o acompanho com o violão... 

da até pra imaginar isto em frente a praia, mas não foi, nem na zona sul!

 E o assalto?, e o roubo?... é minha cidade está sendo roubada a muito tempo, mas nos permitimos por alguns minutos doar pelo simples bel prazer,

aquilo que nos paga, uma apresentação, para que o mundo de alguém naquele momento pudesse ser cheio de significado.


 Uma proposta de formação de platéia


Cabe o artista a provocar a platéia, mas entendo que é o ganha pão!

Gosto muito do artista de rua, é democrático, quem quiser pagar pague, mas mesmo assim teu dia terá um pedacinho dele, esta doação voluntária fará teu dia melhor...

toda vez que tenho oportunidade eu contribuo, e olha apesar de nunca ter tocado desta forma na rua, entendo que o que faz preenche a vida de alguém e não importa.

Quando se pretende formar platéia a proposta que mais ouço é precisamos cobrar nem que seja 1 Real (ponha aqui tua moeda, Dollar, Euro, Peso) 

uma coisa eu penso, porque já não se tem tantas pessoas que gostam da arte? 

Porque já não tocamos a emoção de ninguém e pra tocar queremos ser pagos pra isto...

Gostaria de dialogar isto, será que não precisamos investir pelo menos uma vez por semana em algo que seja em prol aos outros? 

E talvez daí possa se ter resultados de médio e longo prazo, ok é investimento e não gasto, 

Investir significa que terei isto de volta em algum momento, gasto é entender que é o meu ganha pão e não darei pra ninguém e pronto! 

Gosto do argumento da comparação com outras profissões dizendo que ninguém doa seu trabalho!

Investir no relacionamento com público


E se enriquecermos nossa sociedade com arte em todo canto,

sem precisar de esperar com que um salvador da caneta dourada assine um incentivo para que possa receber, 

e ao invés de receber ao curto prazo nisto, apenas assumamos um compromisso de tocarmos em um lar de idosos, ou mesmo orfanato ou alguma causa social?

Este tipo de investimento se fosse feito no passado, não haveria quem iria reclamar sobre o incentivo fiscal para cultura, pois o entendimento do fato seria,

isto faz parte de mim, de minha cultura, precisamos disto... mas, se continuar do jeito que está, penso que o resultado será o mesmo, 

esperando fazer platéia, montar platéia, fazer público apenas com  público pagando... 

no fim o público vai pode pensar da seguinte forma, o governo precisa investir dinheiro em outra coisa, afinal investiu em hiphop e eu gosto de rock, 

gastou dinheiro atoa gosto de arte contemporânea e impuseram barroco goela abaixo...

Mas entre nós, e se ela pudesse ouvir hiphop gratuitamente? 

E se ela pudesse ter acesso não porque o governo providenciou, mas porque o artista entende que é uma contribuição semanal ou mensal que ele dá por livre espontânea vontade e investimento? 

E se... O  “Se” sempre condicional, nos aumenta possibilidade, tanto do erro como do acerto, o problema é não dá a margem para sonhar... 

é por isto que as vezes paro ensaio no meio da rua, ou toco apenas por tocar, tempo sobrando? 

Nada,... estou apenas semeando no coração das pessoas, um dia alguém colhe, e olha que já ando colhendo muita coisa que não plantei... é a vida que segue!



E você o que acha disto tudo?  Será um prazer te ouvir

Inté e inté
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